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Escreventes de uma memória.

Ruas sem fim

 

Por ruas estreitas e desertas, andava sem rumo. Um perfume agradável acompanhava seu ritmo. A chuva trazia pequenos gestos e momentos nostálgicos. As gotas caíam e se misturavam com saudade, e a cada passo forçado, um diferente sentimento o levava de volta, um ciclo sem fim, ou apenas uma vontade de voltar. Voltar alguns momentos, alguns anos e talvez uns abraços e amores. Sentia falta de algo. a chuva forte pouco importava. A rua escurecia a cada escolha. A nostalgia atacava em dias chuvosos e sombrios. O que faltava não admitia, talvez um abraço, talvez um pequeno e velho livro sem capa ou um olhar inocente e inconsciente acompanhado de uma voz irritante que tanto lembrara.

Olhara para trás algumas vezes, a desculpa de se preocupar com o que vinha não o confortava mais. Ansiava voltar. Seu orgulho e medo o prendiam em linha reta. Nada mudara desde então. Seus pensamentos ficavam pesados, sua saudade diminuía seus sentimentos. Queria algo a mais. E a noite de verão ainda ficara em sua memória após tantos diferentes olhos. Queria voltar. Queria leva-la para casa e dizer sem medo algo que queria, um bom momento, sentir um perfume de perto, e talvez sentir um outro amor de verão. Talvez.

A chuva caía, o Sol adormecia, a manhã gélida pedia para recomeçar.

                                                                                                                Marcus J.

Ágapefobia

 

E comigo levo um amor encoberto

Um amor não sentido
Priorizo as palavras de meu peito
Não consigo encontrar a razão disso tudo.
Tento, tanto, e lamento.
Um romântico sem sentidos,
Sem sonhos,
Sem amor.

Amante do amor,
Louco pelas loucuras concebidas
A inconstância que domina
Vou-me embora para Roma,
Veneza, Rio ou Paris!
Quem sabe na cidade apaixonada,
A ágapefobia que me persegue se transforme
Em loucura.
Ou então me transforme em poeta
Um poeta que não sabe amar.
Um poeta apaixonado leigo do amor.

                                                                                                                Marcus J.

Até logo

 

E de repente, a tempestade se tornou uma leve brisa, as ondas violentas um doce som do mar ao encontro da areia da praia, os trovões em cantos de pássaros... Tudo mudou, e continuo no mesmo lugar. Sentado na beira do mar, num cais qualquer, esperando qualquer navio ou canoa vir me buscar. Preciso sair daqui, preciso velejar e ver o mar me atacar com diferentes visões. Preciso mudar o mundo, o meu. Longe de casa estarei, e nada mais vai me importar. Quando sentir minha falta, grite. Talvez eu volte a te encontrar... Já é tarde para pensar, o que importa agora é o que vou fazer quando o abismo chegar até mim.
Estou perto de cair, o abismo parece sem fim. Estou com medo. Junte-se a mim, vamos pular, talvez descobriremos algo novo. O mar não pode ser tão cruel assim, a mim nada mais importa. Posso até estar louco, mas por favor, não me insista para eu ficar. Preciso de outros olhos, preciso sentir outra vez algo novo. E a cada maravilha que conheço, mais fascinado fico. Suas gigantescas ondas ao longe, quero logo sair daqui. Quero velejar o mundo e conhecer lugares perigosos, com ou sem você. Venha, eu te chamo, venha comigo. Seu medo logo virará prazer, te busco daqui algumas horas, leve somente o necessário. Vem, vamos viajar o novo juntos. Ou então me espere, prometo voltar, talvez em algumas décadas a gente volte a se encontrar, na mesma praia, no mesmo banco de anos atrás. Gosto daqui, mas preciso partir. Já é tarde.
Vou-me embora, minha carona já terá partido quando vier, não me procure. Se ao menos sentir saudade, escreva cartas, mas não envie. Logo te procurarei. Viva outras vidas enquanto não vivermos a mesma. E quando me encontrar, lembre-se daquela promessa que te fiz...
Até logo, minha pequena menina.

                                                                                                                Marcus J.

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